terça-feira, 9 de outubro de 2007

Madalena

Com esse cordel "Madalena" e outra poesia "Poeta na Vida" (próxima postagem) eu participei do II Recitata no mercado da Boa Vista, aqui mesmo no Recife.























Nas noites venéreas do Recife
Eu conheci Madalena
Uma mulher como as outras
Tal qual eu gosto: pequena
Vestida num linho branco
Montada no seu tamanco
Cavalgava sem problema.

Vivia em baixo dos olhos
Verdes cegos da censura
Sonhava de peito aberto
Naquela vida tão dura
Amava com quem quisesse
E bem melhor se lhe aparece
Um com anel de formatura.


Eu só tinha dois mirreis
E ela cobrava seis
E por eu ser de menor
Pedia pra eu dar mais três
Mas eu vendo que ela via
Meu coração palpitar
Cheirei o cangote dela e disse:
Tu vai me dar!


E não é que ela deu?
Mas foi uma cruveta no ar
Gritou que até eu ouvi
E olhe que e tava lá
Assustado eu me espantei
Fechei os olhos e travei
De cum força o maxilar


Gritava feito Maria Madalena pra Jesus
Mas o que ela dizia
Ave Maria! Credo em Cruz!
Chega doía de ouvir
Inda pensei dela parir
E eu é que desse a luz!


Depois daquela algazarra
Ela quis negociar
Me disse que era moça
Pra poder valorizar
Que estudou num convento
E desmanchou um casamento
Nas beiradas do altar


Naquela negociata
E já tava me esgotando
Chega pingava suor
Do tanto que andei falando
Quando e pensei em parar
A nega virou pra cá
E começou me alisando


Eu acho é que ela sentiu
Que não ia arrecadar
Do tanto que ela queria
E resolveu me ajudar
Pegada na minha mão
Foi pra trás dum caminhão
Me ensinar o B-A BÁ


Quando ela se despiu
Do linho branco que tinha
Quando desceu do tamanco
As curvas perderam a linha
As banhas se misturaram
Com os peitos que arriaram
E pra cima de mim já vinha.


Mas nisso, já nessa hora
Eu só pensava em correr
Caçava terra nos pés
Ou qualquer coisa a dizer
E ela se aproximando
Foi aí que eu tive um plano
Pra tentar sobreviver


Quando ela me pegou
Gritei dois nomes em latim
DURALEX!!! SEDILEX!!!
Que ela se afastou de mim
Me indagando o que eu falava
Peguei o tom da palavra
E escapei dizendo assim:


Eu sou da ordem dos frade e frei franciscano
Pelejo por esse mundo
Catequizando o profano...
Veste tua roupa mulher
Reza um pai nosso
E me pede a bença se ajoelhando!

PC Silva

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quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Barragem Cultural | Sertão do Pajeú

Agora Arquiteto:


Imagem do meu Trabalho Final de Graduação - TFG -


Esse foi o meu argumento final:


Quem olha assim de relance
Sem prestar muita atenção
Pode achar que ficou torto demais
Mas com rezão.
Pode achar que é parecido
Com uma coisa diferente
Pode ser que muita gente
Até pare pra olhar
E se a cabeça entronchar
Vai dizer: que diabo é isso?
Se isso me acontecer
Eu sou capaz de gostar
Pois eu não quis me encontrar
Com a perfeição nesse projeto.
Quem conhece a perfeição
Não tem mais pra onde andar.
Também não quis aceitar
Que esse é o fim de algum trajeto.
Esse é o começo do chão
Que escolhi pra caminhar
E como disse o antigo poeta Manoel Xudu:
"Eu admiro um tatu
Com um desenho no espinhaço
Feito pela natureza
Sem trena e sem compasso.
Eu tenho compasso e trena
Pelejo, mas nunca faço."


PC Silva

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